18 nov

🧠 Como a Doença de Huntington Afeta o Sono e o Ritmo Circadiano

 

Uma nova visão científica sobre o papel do sono na progressão dos sintomas neurológicos

A Doença de Huntington (DH) é tradicionalmente reconhecida por seus sintomas motores característicos — movimentos involuntários, alterações de equilíbrio e perda de coordenação — acompanhados por mudanças cognitivas e comportamentais significativas. No entanto, pesquisas recentes têm mostrado que o impacto da doença vai muito além desses sinais clássicos.

Um estudo robusto publicado em 2025 na plataforma Frontiers in Neurology trouxe uma perspectiva essencial: distúrbios do sono e do ritmo circadiano não são apenas consequências tardias da Doença de Huntington — eles podem estar presentes muito antes dos sintomas motores apareçam e influenciar a progressão neurológica ao longo dos anos.

Essa descoberta amplia a forma como médicos, famílias e pacientes devem entender a doença e reforça a importância de olhar para o sono como parte fundamental do cuidado.

 

🌙 A relação entre Huntington e Sono: muito mais do que cansaço

O sono é um dos reguladores mais poderosos do equilíbrio físico, emocional e cognitivo. Em condições neurodegenerativas, ele desempenha um papel ainda mais central.

O estudo analisou vários trabalhos científicos e observou que, em pacientes com Doença de Huntington, o ciclo biológico interno — também chamado de ritmo circadiano — sofre alterações profundas, afetando praticamente todos os sistemas do organismo. Isso inclui:

  • os horários de sono e vigília;

  • a estrutura interna do sono (REM e não-REM);

  • a capacidade do cérebro de sincronizar informações biológicas com o ambiente;

  • e até funções emocionais, comportamentais e cognitivas.

O corpo perde sua referência temporal interna.
Como consequência, pacientes podem experimentar desde insônia e sonolência excessiva até mudanças importantes no humor, na atenção e no controle emocional.

 

🧠 O Cérebro perde seu “Marcapasso Biológico”

No centro do nosso relógio interno está o núcleo supraquiasmático (NSQ), localizado no hipotálamo. Ele funciona como um maestro: recebe informações de luz e ambiente, organiza ciclos hormonais, marca o início e o fim do sono, controla a temperatura corporal e sincroniza funções vitais.

O estudo da Frontiers in Neurology mostra que, na Doença de Huntington, o NSQ sofre alterações estruturais e químicas importantes.
Isso significa que:

  • os neurônios responsáveis por marcar o ritmo biológico começam a falhar;

  • sinais químicos que regulam o ciclo vigília-sono diminuem;

  • o relógio interno deixa de responder adequadamente à luz do dia;

  • e o cérebro perde gradualmente sua capacidade de “dizer” ao corpo quando descansar e quando estar ativo.

O resultado é uma sensação contínua de desalinhamento interno, semelhante a viver em um estado permanente de jet lag, mesmo sem viajar ou mudar de fuso horário.

 

🌙 Alterações na Arquitetura do Sono

Além do ritmo circadiano, o estudo também demonstra que a estrutura interna do sono — composta por estágios leves, sono profundo (N3) e sono REM — sofre modificações significativas.

Pacientes com Huntington podem apresentar:

  • redução importante do sono REM, essencial para memória e emoções;

  • fragmentação frequente do sono profundo, responsável pela restauração física e cognitiva;

  • despertares múltiplos ao longo da noite;

  • dificuldade para manter ciclos constantes durante a semana.

Essas alterações se tornam um ciclo vicioso: quanto pior a qualidade do sono, mais intensos podem ser os sintomas cognitivos e comportamentais — e, quanto mais avançada a doença, maior o impacto sobre o sono.

 

🧬 Impactos Comportamentais e Cognitivos

O estudo destaca que distúrbios do sono podem acelerar ou intensificar sintomas que normalmente aparecem em fases intermediárias da doença, tais como:

  • irritabilidade e impulsividade;

  • apatia emocional;

  • variações abruptas de humor;

  • dificuldade de concentração;

  • perda de memória recente;

  • desorganização mental;

  • piora de sintomas depressivos.

Esses sinais não devem ser vistos apenas como características da doença em si, mas também como respostas diretas ao desequilíbrio dos sistemas biológicos que regulam o sono e o comportamento.

 

🩺 Por que esse achado muda a forma de cuidar?

A grande contribuição do estudo é reforçar que o sono deve ser parte estruturante do acompanhamento clínico na Doença de Huntington, e não um sintoma secundário.

Quando os distúrbios do sono são identificados e tratados precocemente, é possível:

  • melhorar a qualidade de vida;

  • reduzir irritabilidade, ansiedade e impulsividade;

  • aumentar a estabilidade emocional;

  • favorecer memória e atenção;

  • melhorar o funcionamento diurno;

  • criar rotinas mais previsíveis para o paciente e a família.

Intervenções simples — como horários regulares, manejo de luz, ajustes no ambiente, higiene do sono e revisão medicamentosa — podem fazer diferença real no dia a dia.

 

🏥 O Olhar da Clínica de Neurologia e Distúrbios do Sono de Maringá

Na prática clínica, o reforçamos que a saúde do sono é um dos pilares mais negligenciados, mas também um dos mais poderosos para o bem-estar em doenças neurológicas.

Em condições como Huntington, Parkinson, Alzheimer, epilepsia e insônia crônica, cuidar dos ritmos biológicos e da arquitetura do sono não é apenas uma questão de conforto — é uma intervenção terapêutica com impacto direto no comportamento, na cognição, na estabilidade emocional e na qualidade de vida.

A clínica integra avaliações de sono, neurocomportamento e rotina circadiana para apoiar pacientes e famílias de maneira multidimensional.

📚 Referência

. Dysfunctions of sleep and the circadian rhythm in Huntington’s disease. Frontiers in Neurology, . DOI não informado pela publicação.

Acesse o artigo completo em:


💭 Reflexão Final

As evidências mostram que o sono não é apenas um sintoma secundário na Doença de Huntington — ele é parte fundamental do processo neurológico que molda comportamento, emoções, cognição e qualidade de vida. Compreender as alterações do ritmo circadiano permite reconhecer sinais precoces, melhorar o cuidado diário e promover mais estabilidade ao paciente e à família.

Na Clínica de Neurologia e Distúrbios do Sono de Maringá, avaliamos o sono como um pilar essencial da saúde cerebral. Com abordagem especializada e integrada, auxiliamos você e sua família a compreender essas mudanças e a buscar intervenções que realmente melhoram a vida em cada fase da doença. Clique no botão abaixo e agende sua consulta com nosso neurologista especialista.

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