
1. Introdução
Os distúrbios cognitivos representam um conjunto de alterações que afetam a capacidade de pensar, lembrar, comunicar e realizar tarefas do dia a dia. Entre as causas mais frequentes estão as demências, como a Doença de Alzheimer, que impactam não apenas o paciente, mas também toda a rede familiar. O diagnóstico precoce e a abordagem multidisciplinar são fundamentais para oferecer qualidade de vida e suporte adequado.
2. O Que São Distúrbios Cognitivos?
São alterações nas funções cerebrais superiores, que envolvem atenção, memória, linguagem, funções executivas e compreensão. Podem ser causados por processos degenerativos, lesões vasculares, traumatismos cranianos, infecções, depressão e outras condições médicas.
Demência é um subtipo de distúrbio cognitivo caracterizado pela progressiva perda funcional e irreversível de múltiplas funções cognitivas. Já as alterações cognitivas leves podem ser transitórias ou estáveis, muitas vezes sinalizando o início de uma demência, mas ainda sem grande impacto nas atividades diárias.
3. Principais Tipos de Demência
Doença de Alzheimer: Forma mais comum, com perda de memória recente como sintoma inicial.
Demência Vascular: Relacionada a lesões causadas por AVCs ou isquemias cerebrais.
Demência com Corpos de Lewy: Associada a alucinações e sintomas motores semelhantes ao Parkinson.
Demência Frontotemporal: Afeta principalmente comportamento, personalidade e linguagem.
Demência Mista: Combinação de dois ou mais tipos, como Alzheimer com demência vascular.
4. Sinais de Alerta para a Família
Esquecimentos frequentes que atrapalham a rotina
Dificuldade para encontrar palavras ou se comunicar
Troca de objetos de lugar ou perda constante de itens
Desorientação em ambientes familiares
Mudanças de humor, apatia ou comportamento inadequado
Dificuldade para realizar tarefas simples, como pagar contas ou preparar refeições
4. Avaliação Clínica e Diagnóstico
Um diagnóstico preciso depende de uma avaliação clínica cuidadosa e do uso de exames complementares:
4.1 Avaliação Cognitiva
Aplicação de testes neuropsicológicos padronizados para medir atenção, memória, linguagem e raciocínio. Os mais utilizados são o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e a Avaliação Montreal da Cognição (MoCA).
4.2 Avaliação Funcional
Investiga a capacidade do paciente de realizar atividades da vida diária (AVD e AIVD).
4.3 Avaliação Comportamental e Psiquiátrica
Identifica sintomas como agitação, depressão, apatia, alucinações e alterações de personalidade.
5. Exames de Apoio ao Diagnóstico
Ressonância Magnética ou Tomografia de Crânio: Identifica atrofias, lesões vasculares ou massas.
Exames laboratoriais: Avaliação de função tireoidiana, vitamina B12, sífilis, HIV, entre outros.
Exames de líquor (em casos selecionados): Análise do líquor para investigação de causas infecciosas ou neurodegenerativas.
PET cerebral com marcador de amiloide (em centros especializados): Auxilia na confirmação de Alzheimer em casos complexos.
6. Manejo e Suporte Terapêutico
Tratamento Medicamentoso
Inibidores da colinesterase (donepezila, rivastigmina, galantamina): utilizados no Alzheimer e em alguns outros tipos de demência.
Memantina: para estágios moderados a graves.
Medicamentos adjuvantes: Antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor, quando indicados.
7. Terapias Não Medicamentosas
Estimulação cognitiva: Atividades orientadas para manter ou melhorar as funções cerebrais.
Fisioterapia e Terapia Ocupacional: Para preservação da mobilidade e independência.
Fonoaudiologia: Ajuda na comunicação e deglutição.
Acompanhamento psicológico: Para o paciente e para a família.
8. Apoio e Orientação Familiar
A família desempenha um papel essencial no cuidado da pessoa com distúrbios cognitivos. A sobrecarga emocional e física dos cuidadores deve ser reconhecida e acompanhada.
9. Orientações Fundamentais à Família
Criar rotinas previsíveis e seguras para o paciente.
Adaptar o ambiente doméstico para prevenir acidentes.
Promover atividades simples e prazerosas.
Procurar grupos de apoio e orientação especializada.
Cuidar da própria saúde física e emocional do cuidador.
Evitar conflitos e correções excessivas, valorizando a empatia.
10. Importância do Diagnóstico Precoce
O diagnóstico precoce permite o planejamento de cuidados futuros, a introdução oportuna de tratamentos e intervenções, e proporciona à família tempo para adaptação. Também ajuda o paciente a manter sua autonomia pelo maior tempo possível.
11. Conclusão
Os distúrbios cognitivos são desafios complexos que exigem sensibilidade, conhecimento técnico e suporte contínuo. A atuação integrada entre neurologista, equipe multiprofissional e familiares é essencial para garantir um cuidado digno e centrado na pessoa.
Se você tem dúvidas sobre mudanças de memória ou comportamento em alguém da sua família, procure orientação especializada. A Clínica de Neurologia e Distúrbios do Sono de Maringá oferece avaliação neurológica completa, exames precisos e suporte terapêutico qualificado para cuidar de quem você ama com atenção e responsabilidade.