
Doenças Neuropáticas Periféricas
1. Introdução
As doenças neuropáticas periféricas afetam milhões de pessoas em todo o mundo e podem comprometer significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Trata-se de condições que atingem os nervos periféricos, responsáveis pela comunicação entre o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e o resto do corpo – incluindo músculos, pele e órgãos internos.
Neste artigo, você vai entender o que são essas doenças, suas causas, principais sintomas e as opções de diagnóstico e tratamento disponíveis.
2. O Que São as Neuropatias Periféricas?
O termo neuropatia periférica refere-se a qualquer dano ou disfunção dos nervos periféricos, que são os fios de comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e o corpo. Esse dano pode afetar:
Nervos sensoriais (responsáveis pela sensação de calor, frio, dor, tato);
Nervos motores (controlam o movimento muscular);
Nervos autonômicos (regulam funções automáticas como batimentos cardíacos, pressão arterial e digestão).
A depender da extensão e da localização do dano, o paciente pode apresentar desde formigamentos leves e transitórios até dor crônica intensa, perda de força e incapacidade funcional.
3. Classificações das Neuropatias
As neuropatias podem ser classificadas de diversas formas:
Quanto ao número de nervos afetados:
Mononeuropatia: afeta um único nervo (ex.: síndrome do túnel do carpo);
Mononeuropatia múltipla: dois ou mais nervos em locais diferentes;
Polineuropatia: muitos nervos afetados de forma simétrica (ex.: neuropatia diabética).
Quanto à causa:
Metabólica, infecciosa, autoimune, tóxica, hereditária, traumática ou idiopática (sem causa identificada).
4. Quais São as Principais Causas?
As causas são variadas, podendo incluir:
- Diabetes Mellitus
É a causa mais comum de neuropatia periférica. A hiperglicemia crônica danifica os vasos que irrigam os nervos e provoca um tipo de polineuropatia simétrica, geralmente começando nos pés e progredindo para as pernas e mãos. Pode causar dor em queimação, perda de sensibilidade e fraqueza muscular.
- Alcoolismo Crônico
O álcool em excesso, associado à deficiência nutricional (sobretudo das vitaminas do complexo B), afeta os nervos e provoca sintomas sensitivos e motores. A neuropatia alcoólica é progressiva e incapacitante se não tratada.
- Deficiências Nutricionais
A falta de vitaminas essenciais, especialmente B1 (tiamina), B6 (piridoxina) e B12 (cobalamina), pode comprometer a função nervosa e causar neuropatias sensitivo-motoras.
4. Doenças Autoimunes
Doenças como lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren e síndrome de Guillain-Barré provocam respostas imunológicas que atacam o próprio sistema nervoso.
5. Infecções
Alguns vírus e bactérias têm afinidade por tecido nervoso. Exemplos incluem:
Hanseníase (lepra): ainda prevalente no Brasil, compromete nervos periféricos, principalmente nas mãos, pés e olhos;
HIV: pode provocar diversas neuropatias, tanto pela infecção quanto pelo uso de medicamentos antirretrovirais;
Herpes-zóster: pode causar dor neuropática intensa mesmo após a cura das lesões de pele (neuralgia pós-herpética);
Hepatites virais, Zika vírus e Chikungunya também estão associados a danos neurológicos.
6. Exposição a Toxinas e Medicamentos
Substâncias químicas como metais pesados (chumbo, mercúrio, arsênico) e alguns medicamentos (inclusive quimioterápicos como a vincristina ou a cisplatina) podem ser neurotóxicos.
7. Doenças Genéticas
Como a Doença de Charcot-Marie-Tooth, que causa neuropatia progressiva e hereditária, levando à deformidade dos pés e perda de força muscular.
8. Doenças Sistêmicas
Insuficiência renal crônica, doenças hepáticas e doenças da tireoide também podem resultar em neuropatias.
9. Sintomas: Como Reconhecer?
Os sintomas variam conforme o tipo de nervo afetado:
🔹Nervos Sensoriais:
Dormência ou perda de sensibilidade;
Formigamento (“agulhadas”);
Dor em queimação, choques ou ardência;
Sensação de frio ou calor anormal;
Dificuldade para sentir dor ou toque leve.
🔹Nervos Motores:
Fraqueza muscular;
Diminuição da coordenação;
Câimbras ou espasmos;
Atrofia (redução do volume) dos músculos.
🔹Nervos Autonômicos:
Tonturas ao levantar (hipotensão postural);
Suor excessivo ou ausência de suor;
Constipação ou diarreia;
Disfunção erétil;
Problemas de bexiga;
Em muitos casos, os sintomas se iniciam de forma insidiosa e progridem lentamente, dificultando o diagnóstico precoce.
10. Como é Feito o Diagnóstico?
O diagnóstico envolve:
🔹Avaliação Clínica Detalhada
Histórico médico, exame físico neurológico e análise dos sintomas.
🔹Exames Complementares
Eletromiografia (EMG) e estudo de condução nervosa – avaliam a função dos nervos e músculos.
Exames de sangue – para detectar diabetes, infecções, deficiência de vitaminas, distúrbios autoimunes e intoxicações.
Punção lombar – em casos de neuropatias inflamatórias.
Biópsia de nervo – raramente necessária, usada em casos difíceis.
Testes genéticos – quando há suspeita de neuropatia hereditária.
11. Tratamento e Cuidados
O tratamento é individualizado, conforme a causa e gravidade da neuropatia. Entre as principais abordagens:
🔹 Controle da Causa
Controle glicêmico rigoroso para diabéticos
Correção de deficiências nutricionais
Suspensão de medicações neurotóxicas
Tratamento de infecções ou doenças autoimunes de base
🔹 Alívio dos Sintomas
Medicações para dor neuropática: pregabalina, gabapentina, amitriptilina, duloxetina
Analgésicos e anti-inflamatórios, em casos de dor aguda
Fisioterapia e terapia ocupacional: para fortalecimento muscular e recuperação funcional
Órteses e palmilhas para evitar quedas e deformidades
Cuidados com os pés, especialmente em pacientes diabéticos, para evitar lesões e infecções
🔹 Imunoterapia
Nos casos de neuropatias inflamatórias, pode-se utilizar:
Corticosteroides
Imunoglobulina intravenosa (IVIG)
Plasmaférese
Imunossupressores (ex: azatioprina, ciclofosfamida)
12. Prognóstico
O prognóstico das neuropatias varia bastante. Em alguns casos, o nervo pode se regenerar com o tempo e o tratamento adequado. Em outros, a neuropatia pode ser progressiva e exigirá cuidados contínuos para controle da dor, preservação da função e prevenção de complicações.
13. Conclusão
Na Clínica de Neurologia e Distúrbios do Sono de Maringá, realizamos uma avaliação neurológica completa, com exames especializados e abordagem personalizada. Nosso objetivo é oferecer diagnóstico preciso, identificar as causas e propor um plano terapêutico eficaz para o alívio dos sintomas e a melhoria da sua qualidade de vida.
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