19 maio

Doenças Neuropáticas Periféricas

 

1. Introdução

As doenças neuropáticas periféricas afetam milhões de pessoas em todo o mundo e podem comprometer significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Trata-se de condições que atingem os nervos periféricos, responsáveis pela comunicação entre o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e o resto do corpo – incluindo músculos, pele e órgãos internos.

Neste artigo, você vai entender o que são essas doenças, suas causas, principais sintomas e as opções de diagnóstico e tratamento disponíveis.


 

2. O Que São as Neuropatias Periféricas?

O termo neuropatia periférica refere-se a qualquer dano ou disfunção dos nervos periféricos, que são os fios de comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e o corpo. Esse dano pode afetar:

  • Nervos sensoriais (responsáveis pela sensação de calor, frio, dor, tato);

  • Nervos motores (controlam o movimento muscular);

  • Nervos autonômicos (regulam funções automáticas como batimentos cardíacos, pressão arterial e digestão).

A depender da extensão e da localização do dano, o paciente pode apresentar desde formigamentos leves e transitórios até dor crônica intensa, perda de força e incapacidade funcional.


 

3. Classificações das Neuropatias

As neuropatias podem ser classificadas de diversas formas:

  • Quanto ao número de nervos afetados:

    • Mononeuropatia: afeta um único nervo (ex.: síndrome do túnel do carpo);

    • Mononeuropatia múltipla: dois ou mais nervos em locais diferentes;

    • Polineuropatia: muitos nervos afetados de forma simétrica (ex.: neuropatia diabética).

 

  • Quanto à causa:

    • Metabólica, infecciosa, autoimune, tóxica, hereditária, traumática ou idiopática (sem causa identificada).


 

4. Quais São as Principais Causas?

As causas são variadas, podendo incluir:

  • Diabetes Mellitus

É a causa mais comum de neuropatia periférica. A hiperglicemia crônica danifica os vasos que irrigam os nervos e provoca um tipo de polineuropatia simétrica, geralmente começando nos pés e progredindo para as pernas e mãos. Pode causar dor em queimação, perda de sensibilidade e fraqueza muscular.

  • Alcoolismo Crônico

O álcool em excesso, associado à deficiência nutricional (sobretudo das vitaminas do complexo B), afeta os nervos e provoca sintomas sensitivos e motores. A neuropatia alcoólica é progressiva e incapacitante se não tratada.

  • Deficiências Nutricionais

A falta de vitaminas essenciais, especialmente B1 (tiamina), B6 (piridoxina) e B12 (cobalamina), pode comprometer a função nervosa e causar neuropatias sensitivo-motoras.

 

4. Doenças Autoimunes

Doenças como lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren e síndrome de Guillain-Barré provocam respostas imunológicas que atacam o próprio sistema nervoso.

 

5. Infecções

Alguns vírus e bactérias têm afinidade por tecido nervoso. Exemplos incluem:

  • Hanseníase (lepra): ainda prevalente no Brasil, compromete nervos periféricos, principalmente nas mãos, pés e olhos;

  • HIV: pode provocar diversas neuropatias, tanto pela infecção quanto pelo uso de medicamentos antirretrovirais;

  • Herpes-zóster: pode causar dor neuropática intensa mesmo após a cura das lesões de pele (neuralgia pós-herpética);

  • Hepatites virais, Zika vírus e Chikungunya também estão associados a danos neurológicos.

 

6. Exposição a Toxinas e Medicamentos

Substâncias químicas como metais pesados (chumbo, mercúrio, arsênico) e alguns medicamentos (inclusive quimioterápicos como a vincristina ou a cisplatina) podem ser neurotóxicos.

 

7. Doenças Genéticas

Como a Doença de Charcot-Marie-Tooth, que causa neuropatia progressiva e hereditária, levando à deformidade dos pés e perda de força muscular.

 

8. Doenças Sistêmicas

Insuficiência renal crônica, doenças hepáticas e doenças da tireoide também podem resultar em neuropatias.


 

9. Sintomas: Como Reconhecer?

Os sintomas variam conforme o tipo de nervo afetado:

🔹Nervos Sensoriais:

  • Dormência ou perda de sensibilidade;

  • Formigamento (“agulhadas”);

  • Dor em queimação, choques ou ardência;

  • Sensação de frio ou calor anormal;

  • Dificuldade para sentir dor ou toque leve.

 

🔹Nervos Motores:

  • Fraqueza muscular;

  • Diminuição da coordenação;

  • Câimbras ou espasmos;

  • Atrofia (redução do volume) dos músculos.

 

🔹Nervos Autonômicos:

  • Tonturas ao levantar (hipotensão postural);

  • Suor excessivo ou ausência de suor;

  • Constipação ou diarreia;

  • Disfunção erétil;

  • Problemas de bexiga;

Em muitos casos, os sintomas se iniciam de forma insidiosa e progridem lentamente, dificultando o diagnóstico precoce.


 

10. Como é Feito o Diagnóstico?

O diagnóstico envolve:

🔹Avaliação Clínica Detalhada

Histórico médico, exame físico neurológico e análise dos sintomas.

 

🔹Exames Complementares

  • Eletromiografia (EMG) e estudo de condução nervosa – avaliam a função dos nervos e músculos.

  • Exames de sangue – para detectar diabetes, infecções, deficiência de vitaminas, distúrbios autoimunes e intoxicações.

  • Punção lombar – em casos de neuropatias inflamatórias.

  • Biópsia de nervo – raramente necessária, usada em casos difíceis.

  • Testes genéticos – quando há suspeita de neuropatia hereditária.


 

11.  Tratamento e Cuidados

O tratamento é individualizado, conforme a causa e gravidade da neuropatia. Entre as principais abordagens:

🔹 Controle da Causa

  • Controle glicêmico rigoroso para diabéticos

  • Correção de deficiências nutricionais

  • Suspensão de medicações neurotóxicas

  • Tratamento de infecções ou doenças autoimunes de base

 

🔹 Alívio dos Sintomas

  • Medicações para dor neuropática: pregabalina, gabapentina, amitriptilina, duloxetina

  • Analgésicos e anti-inflamatórios, em casos de dor aguda

  • Fisioterapia e terapia ocupacional: para fortalecimento muscular e recuperação funcional

  • Órteses e palmilhas para evitar quedas e deformidades

  • Cuidados com os pés, especialmente em pacientes diabéticos, para evitar lesões e infecções

🔹 Imunoterapia

Nos casos de neuropatias inflamatórias, pode-se utilizar:

  • Corticosteroides

  • Imunoglobulina intravenosa (IVIG)

  • Plasmaférese

  • Imunossupressores (ex: azatioprina, ciclofosfamida)


 

12.  Prognóstico

O prognóstico das neuropatias varia bastante. Em alguns casos, o nervo pode se regenerar com o tempo e o tratamento adequado. Em outros, a neuropatia pode ser progressiva e exigirá cuidados contínuos para controle da dor, preservação da função e prevenção de complicações.


 

13. Conclusão

Na Clínica de Neurologia e Distúrbios do Sono de Maringá, realizamos uma avaliação neurológica completa, com exames especializados e abordagem personalizada. Nosso objetivo é oferecer diagnóstico preciso, identificar as causas e propor um plano terapêutico eficaz para o alívio dos sintomas e a melhoria da sua qualidade de vida.

Agende sua consulta e saiba mais sobre como cuidar da sua saúde neurológica!

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